Neste ensaio, percorro diversos filmes do Cinema Novo brasileiro da década de 1960, a partir dos conceitos da fome, revolução e derrota, para examinar o que descrevo como o último grande desencontro da modernidade na América Latina –a saber, o fim das utopias redentoras da esquerda. De acordo com meu argumento, em certas obras cinematográficas dessa década, é possível identificar sinais da profunda mudança experimentada pelo campo cultural brasileiro, onde a introdução da violência da “dialética da marginalidade” (Castro Rocha) foi superada pela jovialidade da “dialética da malandragem” (Candido). No entanto, desta vez a malandragem trouxe consigo a mediação “cordial” do mercado. Minha análise, focado principalmente nos filmes de Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha e Joaquim Pedro de Andrade, busca ler as mudanças sintomatizadas pelo Cinema Novo da década de 1960 como sinédoque de transformações culturais similares no resto da América Latina.
González García, M. (2014). Hambre, revolución y derrota: El Cinema Novo y los desencuentros de la modernidad latinoamericana. Revista Chilena De Literatura, (88). Recuperado de https://revistaliteratura.uchile.cl/index.php/RCL/article/view/36081
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